Amor ou zona de conforto?
Quando chegamos à meia idade em uma relação afetiva estável,
acreditamos que tudo está definido e determinado para o resto da vida, até que
vem ela, a separação! Mesmo hoje desmistificada
socialmente, emocionalmente é arrasadora como sempre foi. Mesmo uma relação
morna ou insossa traz muito sofrimento ao seu final. Perdemos o chão, nada mais
é certo. O que será do futuro, a postura da família, a presença dos amigos...
Na verdade nada é definitivo na vida. Passada a tormenta, com o coração
pacificado; conhecemos uma nova pessoa, interessante, linda atraente, nos
apaixonamos novamente, que maravilha! E eis que vem o segundo equívoco, o de
que a idade vai nos resguardar. A paixão é avassaladora em qualquer idade,
ficamos tão tomados quanto uma paixão aos 18, lidamos melhor com as emoções é fato,
o que não quer dizer que tenhamos o controle. Passado o encanto inicial da
paixão a relação se ajusta como qualquer outra, inclusive a que vivemos antes
de casar e já não lembramos. Aí a idade faz diferença, estamos mais exigentes e
críticos com a parceira ou parceiro e conosco também, sobre as nossas
expectativas momentâneas e pelo resto de nossas vidas, se é que dá pra planejar.
Disso resulta a primeira, a segunda, terceira crise... até o
rompimento, afinal pra dar certo agora precisamos de muito mais afinidades que
nos relacionamentos adolescentes. A expectativa de como levar a relação, o tempo
disponível, erros de outras relações que queremos evitar, filhos etc... Daí vem
um novo equivoco, o terceiro, de que a maturidade nos ajudará a superar esse
novo rompimento, afinal estamos escolados com o final de um casamento, ledo
engano... O sofrimento é marcante, dolorido, lancinante tal qual aos da
juventude, apenas dramatizamos menos porque temos responsabilidades e não nos
damos o direito, e nem precisamos na verdade, externar com tanta veemência, mas
a dor está lá... e tem seu luto a ser vivido. E assim sucessivamente até que uma
nova paixão se apresente, e que venham as paixões, porque só se apaixona por
alguém quem já é apaixonado por si mesmo!