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segunda-feira, 5 de maio de 2014

PARA ONDE VÃO OS HOMENS?

PARA ONDE VÃO OS HOMENS?

Venho refletindo há algum tempo sobre a atual condição masculina no mundo, seja na vida social, no trabalho, na criação dos filhos, na vida afetiva. No geral apesar de ser um otimista por natureza já não tenho muita fé num futuro brilhante do gênero. Mas dia a dia assisto estarrecido a novos dados e informações que nos prometem um futuro sombrio.

Já temos a expectativa de vida abaixo da feminina, estudamos menos, cuidamos menos de nossa saúde, temos mais mortes violentas por nos expormos mais ao perigo. Não bastasse isso somos muito mais primitivos nas reações, amadurecemos mais tarde, perdemos os argumentos muito mais facilmente e partimos pra agressão, e como não há racionalmente a possibilidade de agredir uma mulher quando se perde o argumento frequentemente em discussões acaloradas os homens levam a pior. Paradoxalmente ao que acabo de afirmar sobre a racionalidade da não agressão às mulheres, temos um nível de irracionalidade tal que gerou uma estatística que me deixou estarrecido, metade das mulheres que morrem assassinadas no mundo são vítimas dos seus próprios parceiros, simplesmente inadmissível.
Arrisco-me a dizer que atualmente grande parte do poder que os homens ainda detém em vários segmentos da sociedade se deve a um certo corporativismo que com certeza os homens tem muito mais que as mulheres, preparam suas próprias sucessões ou montam suas equipes de pessoas de confiança baseados no sexismo antes da competência.  No mundo do trabalho acredito que a tendência com o passar do tempo seja a de se equilibrar e ter uma pequena supremacia feminina, já que analisando de uma forma mais fria as características e formas de atuação se complementam, mas o quesito equiparação salarial é o que ainda deve gerar alguma celeuma.


Na criação dos filhos acredito que estamos conquistando algum terreno, pois estamos mais sensíveis e atentos ao desenvolvimento deles, não de forma generalizada, mas dos que se dispõe a tomar pra si verdadeiramente o papel de pai, mas em muitos casos em que se negligencia o papel, a mulher acaba desempenhando também essa função; já a proporção de casos inversos é infinitamente menor, mas onde há a maior possibilidade de desencontros e conflitos é no setor emocional e afetivo.  O tempo passa e elas estão cada vez mais seguras e determinadas, e nós?? Lamentavelmente ainda que com um verniz civilizado, continuamos primitivos e nos achando donos da vida de nossas companheiras, quando é que isso vai mudar? Como historicamente sempre tivemos domínio das relações, como lidar com a igualdade? Não tivemos em nossa infância referência dessa nova mulher, nossas mães embora já não fossem mais submissas tinham uma clara divisão de papéis de homens e mulheres diferente da que vivemos hoje. Alguém consegue vislumbrar qual será o lugar do homem nos vários setores da sociedade?  


terça-feira, 30 de abril de 2013

A RUIVA


A RUIVA

Era mais uma noite como as outras voltando do trabalho. O Metrô já não tão cheio, o rush já tinha passado. Quando adentrei o vagão, me ajeitei onde pudesse não atrapalhar o movimento interno e ler meu livro tranquilamente.

Passadas quatro estações das oito que eu tinha a percorrer, alguns passageiros já haviam descido fui então arrumar um lugar mais cômodo. Quando duas garotas passaram rapidamente por mim para descer na estação seguinte, me virei para a direita, e lá estava ela. Uma imagem feminina tão bem delineada que para os mais antigos teria saído de uma prancheta de Milo Manara, ou para os que em menos de 30, de uma tela de um software gráfico sofisticado qualquer.  Ela realmente me lembrava uma personagem de desenho animado que não conseguia me lembrar, e quase duas horas depois me veio à mente... Era a forma humanizada de Jéssica Rabbit, sem os exageros do desenho animado das telas, mas com certeza tinha belas e harmoniosas curvas.

Sentada, compenetrada ligeiramente cabisbaixa seguia o trajeto lendo seu livro, sem sequer notar o movimento à sua volta. Ruiva! Sem dúvida uma mulher rara, afinal as ruivas verdadeiras são apenas 2% da população mundial. Um coque simples e elegante, alguns fios soltos que davam o ar sensual ao rosto delicado, uma mecha ligeiramente descolorida, mas ainda ruiva, dava um ar maduro ao rosto que revelava não mais que 36 ou 37 anos, os lábios carnudos tal qual os de Jessica, com batom vermelho que os faziam mais evidentes ainda. Que conjunto!

Uma blusa vermelha com decote em V que não estava colada ao corpo, mas era justa o necessário pra deixar bem marcadas as formas dos seios volumosos, apenas um toque de ousadia. Por cima, o sobretudo grafite de gola alta, que lembrava uma capa de chuva de filme dos anos 40, elegantemente suavizava os quadris largos. As meias pretas, finas o suficiente para revelar a pele clara e grossa o suficiente para não parecer vulgar, eram arrematadas pelas botas pretas de couro opacas de salto fino.

O golpe de misericórdia veio quando ao notar estar sendo observada levantou o rosto me paralisando com aqueles olhos verdes que quase saltavam das orbitas ao mesmo tempo em que mostravam certo encabulamento; baixou o olhar, pareceu apenas ler até concluir a página, em seguida se levantou me fulminando olhos nos olhos.

Como quase nada é perfeito, ao passar por mim, solenemente pisou, na verdade quase tropeçando em meu pé, sem se dignar a pedir desculpas. Ou queria realmente marcar sua presença chamando minha atenção ou era mal educada mesmo. Muitos machos de plantão ao ler acharão preciosismo ou frescura minha, mas apesar de adorar ousadias femininas, transgressão de convenções sociais, autenticidade, senso prático, objetividade e outros que tais, dou valor a essas pequenas lições de mãe, “desculpe, por favor, com licença”.

 A ruiva se foi deixando apenas a lembrança da bela imagem que faz a alegria do imaginário masculino! Desceu uma estação antes da minha, melhor assim! Quem sabe tenha evitado incluir mais uma na estatística das mulheres exuberantes e fúteis...?!

Ruivas, loiras, morenas ou negras, não importa. Que sejam interessantes, inteligentes, bem humoradas, sarcásticas, debochadas... e femininas!



segunda-feira, 1 de abril de 2013

Presente!


Presente!

Com o passar do tempo a vida vai nos dando presentes, alguns desejados outros não, todos com certeza merecidos.  Muitos deles são pessoas especiais. Pessoas que podem não estar mais presentes, mas são sempre presentes. Pai, mãe, irmãos, namorados, amigos, maridos, esposas, amantes, todos deixam um pouco de si em nós.  Uma mistura de sua essência, sua experiência, sua sabedoria, seus valores, sua energia e até sensoriais como seu gosto e cheiro! Pessoas que passam em nossas vidas para aprendermos a ser melhores, aprendendo pelo exemplo a seguir ou pelos erros a evitar; muito mais que nos agradar e cuidar entram em nosso caminho para nos lapidar, tirar o melhor de nós, mesmo que seja um processo doloroso e geralmente o é. Mães nesse sentido são uma categoria especial de pessoas. São assim, nos amam profundamente e por isso mesmo querem que sejamos sempre melhores, para sentir sua missão cumprida e principalmente para que estejamos preparados para o mundo, sejamos capazes de caminhar com nossas próprias pernas.   Nem sempre o que nos fazem ou dizem é o melhor que se tem a ouvir e é isso que constitui a riqueza dessa lapidação, e em alguns casos há um ingrediente a mais, paradoxal até, para que a maturação dos filhos se conclua elas se fazem ausentes, saem de cena para que tudo o que foi ensinado seja realmente colocado em prática concluindo sua missão, e compreender isso só faz que esse amor que temos por elas seja ainda mais sólido e envolvente. Difícil compreender, afinal é dor; mas dela também se tira aprendizado. Importante é saber e ter a plena consciência que nós também somos e seremos presentes na vida de outras pessoas e cabe a nós nesses vários papeis, de filhos, irmãos, pais, mães, companheiros de vida, amigos fazer o bem, orientar, ajudar, compartilhar, sermos leais e acima de tudo amar! Sejamos os presentes que gostaríamos de receber!


quarta-feira, 13 de março de 2013

Retrato de um ato cívico de repúdio...


Retrato de um ato cívico de repúdio...

E lá estava eu novamente, chegando com disposição, afinal uma figura nefasta, preconceituosa e racista à frente de uma comissão de direitos humanos e minorias é no mínimo surreal. Passos firmes como nos tempos de juventude, a experiência, contudo me fez ter um pé atrás quando vi a pequena aglomeração no local combinado, não mais que 200 pessoas. Perda de tempo pensei, os atos cívicos perderam a força, viramos ativistas de poltrona. E como já estava lá, mesmo minha verve cidadã passando por alguns períodos de dormência não baixa a guarda, resolvi me juntar; já éramos a essa altura umas 500 pessoas, o Laerte(1) parou ao meu lado, trocamos algumas palavras e fomos interrompidos por uma repórter da rádio Itatiaia. O parco grupo resolveu passar ao asfalto do cruzamento da Paulista(2) com a Consolação(3), Laerte convocado pelos manifestantes a ir à frente, começamos a cantar e gritar palavras de ordem. Já tomávamos o começo da Consolação, em frente ao finado Cine Belas Artes(4), pessoas começavam a descer dos ônibus encorpando rapidamente o grupo, enquanto avançávamos descendo a consolação o final da passeata continuava na Paulista, tal era o numero de pessoas que ia se agregando. Retornamos em frente ao Sujinho(5) pelo sentido contrário retornando à Paulista, já tomávamos os dois lados da Consolação, a essa altura já passávamos de 2000 pessoas, homens, mulheres, homos e heteros, famosos, anônimos, negros, brancos, enfim... gente.  Voltamos a descer a Consolação em direção à Praça Roosevelt(6), dava cada vez mais orgulho olhar para trás e ver bandeiras, cartazes e a rua tomada por gente, muita gente, paramos em frente a um cortiço, um rapaz e duas crianças remelentas sentadas à porta, sem entender bem, mas incentivando e sorrindo, e do alto de uma das janelas, a cena mais significativa do dia; ao entoarmos o hino nacional, uma senhora negra de uns 80 anos aproximadamente sai de uma das janelas do cortiço e cantando rege o nosso coro, feliz e sorridente foi aplaudida. Por rádio entre vários pontos da passeata já se estimava em torno de 15mil participantes. Seguimos com mais vigor e mais animados ao não ver mais asfalto, mas simplesmente gente, pessoalmente acredito que éramos menos, ninguém saberá ao certo e no fundo não importa!  Na Praça Roosevelt vários oradores representando entidades ou simplesmente suas próprias idéias e convicções. Os líderes do agito, no geral bem mais jovens que eu, como seria normal não resistiram ao um megafone na mão e precisaram dos seus 5 minutos de fama, faz parte do movimento, faz parte da idade, já vi isso ocorrer outras vezes, o que não invalida de forma alguma o movimento. O momento “púlpito” foi vencido pelo clamor popular de voltar à rua. Naquele momento se juntavam a nós os manifestantes anti-Renan Calheiros, seguimos pela Rua Augusta(7) sem sentir a subida, realmente sentindo o apoio público, fomos aplaudidos várias vezes... flagrei por um momento até um dos policiais que faziam o cordão de isolamento gritando palavras de ordem timidamente conosco, chegávamos à Av. Paulista, mesmo interrompendo o trânsito das duas pistas por um bom tempo o apoio era incontestável, buzinas, aplausos, sorrisos, alguns saíam de seus carros para dar apoio, em frente ao MASP(8) ocupamos as duas pistas e o vão livre, agradecimentos depoimentos comoventes e o melhor de todos os cartazes em minha opinião no meio da multidão “Odeio passeatas, estou aqui por dever cívico!”, finalizamos cantando mais uma vez o hino nacional e aplaudindo a nós mesmos, merecidamente, afinal mesmo com atos relativamente pequenos o civismo e a manifestação popular estão vivos. Fora Marcos Feliciano(9)!!!!

(1) Cartunista, que nos últimos tempos adquiriu notoriedade além do seu trabalho também por se vestir de mulher (crossdresser)
(2) Avenida Paulista, maior centro financeiro do país, onde também estão escritórios de várias multinacionais e alguns consulados.
(3) Rua da Consolação, principal ligação entre a Av. Paulista e o centro da cidade.
(4) Cine Belas Artes, até pouco tempo o principal cinema da cidade em exibição de filmes de arte e alternativos
(5) Sujinho, botecão que começou no final dos anos 70 realmente com uma grande clientela e higiene no mínimo questionável, hoje é um misto de boteco e restaurante e muito bem frequentado
(6) Praça Roosevelt, local que abrigou diversos cineclubes durante os anos 80, tem uma das mais tradicionais igrejas da cidade e há poucos anos é um ponto de encontro de skatistas
(7) Rua Augusta, (mais especificamente o “baixo Augusta”) local da vida noturna, onde a fauna é mais eclética tanto em gosto musical quanto em aparência, todos convivendo bem
(8) MASP – Museu de Arte de São Paulo, um dos acervos mais ricos do país, e a construção com maior vão livre do país, projetado por Lina Bo Bardi
(9) Marcos Feliciano, deputado federal pelo PSC, pastor que se tornou notório por declarações racistas, sexistas e homofóbicas além do “comércio da fé”.



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O mundo é feminino


O mundo é feminino

O mundo com certeza é, e pouco a pouco está se tornando cada vez mais feminino, não no sentido da sexualidade, mas da ótica feminina. As mulheres conseguem ter seriedade ao cuidar de suas responsabilidades e ao mesmo tempo ter uma leveza, que além de deixar melhor o fluxo das energias da própria atividade também tem uma melhor fluidez interna também, preservando na medida do possível a sua harmonia. Os homens tradicionalmente são mais herméticos, se permitem menos mudanças, menos liberalidades, e quando o fazem frequentemente extrapolam, daí os excessos da bebida, das discussões, da violência, da truculência social e claro no autoritarismo no trabalho ou ainda na ruptura das relações de respeito, onde tal qual a maioria dos machos, simbolicamente também precisam fazer seu "xixizinho" nos cantos pra marcar seu espaço. 

O homem com o tempo mudou muito pouco na sua relação com o mundo, continua como seus ancestrais das cavernas a determinar seu poder pelo território, somos de uma forma geral territoriais enquanto as mulheres são predominantemente sociais. Seu campo de domínio está no conhecimento, nas relações, e não na delimitação de espaço seja em que sentido for. Salvo raras exceções históricas, as sociedades e civilizações sempre foram patriarcais, sendo que o domínio se dava não pela conciliação de forças ou capacidades, mas pela imposição masculina através da supremacia física e pretensa superioridade nas demais áreas por conta disso. Algumas sociedades chegaram a usar o pretexto da determinação divina para o controle masculino. Durante todo esse tempo, praticamente até um século atrás isso pouco mudou, e as mulheres usaram esse tempo todo como coadjuvantes históricas, para além de suas características já favoráveis, também se melhorarem, incubarem uma forma de ser mais preparadas para mudanças, para lidar com diversas variáveis com o ritmo frenético que as coisas vem tomando. Agora já com o melhor equilíbrio na participação social e econômica elas realmente podem mostrar tudo o que incubaram ao longo desses séculos, enquanto os homens exceto um seleto grupo, mal conseguem lidar com a nova liberdade sexual delas. Nada disso é uma exaltação às mulheres ou à supremacia que vejo ocuparão em diversos campos sociais, mas uma constatação, o ideal é sempre o equilíbrio sem supremacia de um gênero ou outro, portanto nós homens temos um campo a recuperar, não no sentido de disputar alguma coisa, mas no sentido participativo e colaborativo que é o verdadeiro caminho da evolução da humanidade e das relações entre seus membros. De qualquer forma, um brinde a elas, que fora tudo o que são e conquistaram, são sem dúvida o encanto de nossas vidas!




terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Rituais pra que?


Rituais pra que?

As civilizações tem grande parte da sua historia e de seus hábitos revelados pelos rituais que tinham, fossem religiosos, sociais, passagem de poder, de alimentação, colheita, integração e respeito à natureza, muitos deles permeando vários setores da vida. Curiosamente somente essa mesma historia foi e é capaz de produzir e explicar em certa medida os rituais, os "vivos" e os pouco praticados, quase esquecidos. Os rituais, ou pelo menos grande parte deles, existem grosso modo para dar relevância ou em alguns casos até justificativa divina para certos fatos, dão a esses fatos uma escala de valores, um momento da vida dos envolvidos com cores mais vivas, trazem em si um marco, fazendo-nos compreender a posteriori quais eram os valores e as relações sociais de uma determinada civilização ou nação. Vejo hoje que em algumas culturas os rituais praticamente são a própria cultura, a perda de alguns rituais de alguma forma também representa um esmaecimento da existência dessa mesma cultura, vemos isso notadamente entre as novas gerações de japoneses, que não dão valor ou não veem sentido em muitos rituais de sua terra natal, preferindo se ocidentalizar, em algumas localidades se comemora até o Natal como se fossem cristãos.
Os rituais de uma forma ampla dão identidade a um povo, pois dizem muito dos valores e forma de ver a vida, o mundo e a si mesmos, como indivíduos e como nação. Na minha historia pessoal sempre fui muito arredio a rituais, sempre vi como uma forma de controle e padronização social, de a sociedade nos encaixar num padrão, nos classificar; mas confesso que como ser social, que precisa dos outros pra viver, sinto falta dos rituais pra me sentir um ingrediente desse caldeirão chamado sociedade!


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Como termina?


Como termina?

Existe um estereótipo em parte verdadeiro, de que nós homens não gostamos de terminar relações, vamos empurrando com a barriga até que a mulher não suporte mais e resolva terminar. Sendo assim, para realmente falar com conhecimento de causa, e usando a mim mesmo como objeto de análise, resolvi fazer um retrospecto da minha vida afetiva para ver minha situação frente a esse estereótipo e para minha surpresa fui eu que pus fim a maior parte dos meus relacionamentos, pra ser mais exato 75% deles, porém com uma ressalva, as relações principais seja pela intensidade, seja pelo tempo que duraram, não fui eu quem pos fim.  Isso me levou a algumas reflexões, será que nestes casos eu me encaixei nesse modelito estereotipado ou realmente via coisas que minhas companheiras não viam, ou o contrário não via o que elas viam? Difícil saber afinal as óticas masculina e feminina sobre diversas coisas são diferentes. Outra questão é o que de fato faz homens e mulheres entrarem, permanecerem e saírem de uma relação? Será que dá pra definir? Será que cada um de nós, homens ou mulheres conseguimos detectar isso? Ou ainda, será que queremos saber?  Eu sinceramente não sei se quero racionalizar minhas relações a esse ponto e acredito que esse comportamento mais característico masculino seja apenas a ponta do iceberg, provavelmente as mulheres também devem ter seus artifícios para prorrogar alguma relação desgastada ou exaurida.  Há uma palavra que permeia essa convivência o tempo todo, EXPECTATIVA. Nos últimos tempos essa palavra tem feito parte de muitas das minhas conversas, relativas a mim ou não! Na verdade acredito que vivemos o tempo da isenção, todos querem se isentar de tudo, de responsabilidade, de compromisso, de transtornos, e assim acabam se isentando de compartilhar, beijar, carinhar, ouvir, ser ouvido e até se isentarem de amar, mas tudo tem seu preço, melhor dizendo toda escolha tem seu preço, aí eu volto a uma coisa que vivo debatendo em diversas rodas, como vamos aprender ou evoluir se sempre queremos apenas o “mar de rosas”? Com toda essa  isenção inclusive de amor e paixão com certeza se sofre menos, mas cá entre nós, que tédio! Vamos pensar se não estamos idealizando demais ou infantilizando nossas relações... 




quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

CIÚME


CIÚME

Pra quem me conhece, sabe que eu sempre achei ciúme uma coisa sem sentido, ciúme a meu ver e de muitas pessoas não é amor é sentimento de posse. Não que eu nunca tenha sentido, afinal sou humano e falível como qualquer um.  Ocorre que refletindo sobre a falibilidade do ser humano descobri que o ciúme tem uma função específica. Penso que o ciúme vem de certo grau de insegurança, e a segurança total e absoluta gera negligencia nos cuidados e atenção dados ao outro; portanto mesmo sendo causa de tensão e desentendimentos paradoxalmente a função é a preservação da relação. As relações humanas de forma geral são muito complexas, transmitindo mais informações nas entrelinhas e nos códigos não verbais do que na linguagem e no que é dito, as relações homem-mulher tendem a ser mais complexas ainda, visto que o timing e a organização de raciocínio funcionam de forma diferente, a passionalidade então não tem nenhum sentido lógico, pelo menos numa primeira análise. Porém mesmo não vendo sentido no ciúme exacerbado, admito que a sensação de alguém sentir aquele ciuminho da gente, declarado, ou de olhares enviesados ou somente suaves mordidas no canto dos lábios é bem gostosa. 


domingo, 23 de dezembro de 2012

Liv & Ingmar


Liv & Ingmar

O cinema é feito justamente para nos encantar, seja pelo lúdico, pelo choque de valores, seja pela consciência, seja pelo humor ou singeleza. Acabei de assisti Liv & Ingmar... Simplesmente fascinado!  Não há outra palavra. Tanta complexidade de uma relação a dois retratada com tanta simplicidade e sentimento, dos olhares iniciais, pensamentos não revelados, a observação, a admiração, toques, palavras. Uma relação tão entranhada em si mesma e na grandeza humana dos dois, ao mesmo tempo fugaz, sentimento de amor, paixão, desejo, tudo isso misturado transcendendo a tudo que é palpável e compreensível nessa existência terrena, um amor misturado à amizade, uma amizade que nunca deixou de ser amor! Não há como descrever com palavras algo assim, uma sinergia, como duas pessoas podem se amar tanto de várias formas?
Foi possível ouvir choros e suspiros do público, risos emocionados, comoção, desejo de viver o que estava na tela...
Um simplesmente sabe quando o outro carece da sua presença, da sua companhia. Mesmo para aqueles que não se ligam na espiritualidade é uma ligação que ultrapassa a normalidade, se é que podemos determinar isso. Ligação sem explicação, carinho, troca, raiva, mágoas, sonhos, cumplicidade, amadurecimento.  Tudo pode ser uma grande ilusão, a razão, os sentimentos, as sensações, a plenitude, afinal a experiência de vida de cada um é única, e daí...  O filme traz em si uma determinação nas entrelinhas... Sejamos e façamos alguém feliz... afinal de que vale a vida sem essa busca?


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

SERÁ QUE A VIDA É UM PLAY?


SERÁ QUE A VIDA É UM PLAY?

Ando meio estarrecido, pra onde caminhamos nas nossas relações afetivas? Existe uma analogia, mais ou menos de senso comum, que a vida é como uma escola, um aprendizado constante, seja pela ótica sociológica ou espiritual. O que vejo é que estamos indo à escola somente pra a hora do recreio, relações superficiais, somente namoro, somente o mar de rosas, fácil né? e onde fica o aprendizado? Não estou pregando qualquer namoro tenha que virar uma relação estável necessariamente, que devamos procurar problemas ou curtir sofrimentos, mas eles fazem parte da nossa evolução pessoal e da evolução das relações, relações sólidas, com cumplicidade no sentido mais puro e amplo que a palavra possa ter, relações de companheirismo de vida, de compartilhamento de experiências, carinhos, sexo até a idade que for possível.  Será que não estamos empobrecendo nossas relações em nome de uma dita modernidade. Claro que há o livre arbítrio para que se viva só, afinal as pessoas não são iguais, cada um tem seu foco e sua idealização de felicidade, mas o ser humano em sua natureza é gregário, é social, feito pra viver junto.
Tão estarrecedor pra mim também, é o habito que temos de criar compartimentos de tempo na vida pra isso ou aquilo, sem dúvida que devemos ter foco, mas excluir coisas importantes e reconfortantes e muitas vezes saudáveis, não acredito que seja a saída, as oportunidades aparecem e como um cavalo selvagem temos raramente mais de uma oportunidade de selá-lo, encantá-lo e montar. Surgiu uma grande oportunidade profissional, arrisque, surgiu uma pessoa especial, se jogue... Pode dar errado? Claro que pode... e é no imponderável que está a graça da vida, e sendo repetitivo, é aí que está nossa oportunidade de crescimento e evolução sem contar que será uma vida realmente vivida...


domingo, 2 de dezembro de 2012

DO QUE É FEITA A SAUDADE?


DO QUE É FEITA A SAUDADE?

Estive pensando, pensando demais até como é meu hábito, o que é a saudade... Não uma definição de dicionário, mas uma definição refletida dentro das relações, especificamente homem-mulher. Sentimos essa saudade de várias formas ou digamos sempre de um "item” de maneira mais forte. Muitos podem torcer o nariz, mas a saudade que eu mais sinto é a sexual, não que o sexo seja tudo e essa foi a grande reflexão, a saudade principal é da coisa mais essencial,  da convivência, do compartilhar, do dia a dia, das palavras de carinho, do carinho físico propriamente dito, do companheirismo e cumplicidade para curtir os momentos de felicidade e ser o porto seguro da companheira nos momentos tristes, ou ter esse porto seguro quando precisamos, vibrar com os sucessos do companheiro, brigar quando não se concorda sempre respeitando esse ser que entrou na nossa vida para nos ensinar. E onde entra o sexo nessa historia?  É a essência química disso tudo... o sexo é uma overdose de tudo o que vivemos com a pessoa através da convivência, são alguns minutos que concentram sensações de tudo o que se vive com a pessoa, não por acaso quando a convivência não é tão boa o sexo também não é tão bom e por vezes nem acontece mais, porque não há mais o que celebrar, não há convivência a condensar nesse momento! Saudade é complexa e ao mesmo tempo simples, é cerebral e orgânica, isso mesmo a saudade dói fisicamente. A saudade é necessária mesmo nos pequenos afastamentos, sinal que temos uma grande interação com nosso par, relação sem saudade não é saudável! 


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

NOVOS HOMENS


NOVOS HOMENS

O mundo vem mudando, ou melhor, sempre mudou, a velocidade agora é que é maior, e mais intensa em alguns setores. As relações humanas com certeza mudaram muito, pais e filhos, gerações... mas nada se compara à mudança das relações entre homens e mulheres. As mulheres desde o final dos anos 60 vem ganhando, ou melhor conquistando, liberdade, reconhecimento, e espaço, mais do que merecidamente. Se no universo do trabalho ainda sobra algum desrespeito em relação à remuneração desigual porque na competência já se mostram capazes há tempos; no universo pessoal, relação homens e mulheres já se igualaram a nós.  O prazer sexual, o direito de escolha. O avanço foi tão grande que atualmente já podemos ver uma inversão de papéis em alguns momentos, homens dependentes de mulheres em vários sentidos, financeiro, emocional e por aí vai...  Simples à primeira vista, mas os homens ainda não se encontraram nesse novo papel. Como reivindicar atenção, sentimentos sem colocar a masculinidade tradicional em cheque? Enfrentando muitas vezes uma dureza e falta de sensibilidade que em outros tempos foi característica masculina... Essa mudança de posicionamento entre homens e mulheres implica em outras, como o papel de pai, a posição de provedor para a qual fomos educados. Reservadas as proporções tendemos a repetir o comportamento e os temores de nossos pais e avós pensando em determinados momentos da vida, que já sabemos tudo e que as coisas pouco mudam a partir de um determinado ponto de maturidade; pura ilusão o mundo muda sempre o tempo todo e temos que nos adaptar ou mais que isso nos integrar a esse novo papel que foi se moldando, como diz a música, não podemos ser “os mesmos e viver como nossos pais” sejamos em vez disso outra música “prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela opinião formada sobre tudo” Enfim, homens... qualquer que seja a nossa idade em vez de acompanhar a mudança sejamos nós a mudança! As mulheres com certeza agradecem!


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Homossexualidade na paisagem


Homossexualidade na paisagem

“Antigamente o homossexualismo era proibido no Brasil. Depois passou a ser tolerado. Hoje é aceito como coisa normal. Eu vou-me embora antes que passe a ser obrigatório.” Muita gente já deve ter ouvido ou lido essa frase preconceituosa atribuída a Arnaldo Jabor, não sei se é de fato, é bem possível que seja.  O caminho de se tornar uma coisa “normal” (como se um dia tivesse sido anormal) é natural socialmente e antropologicamente. Observando casais homossexuais recentemente, admirei a naturalidade com que agem e transitam hoje se contrapondo à vida marginal que historicamente tiveram pelo menos até poucos anos. Eu mesmo já tive meu estranhamento, não com a homossexualidade, mas com exposição que era rara publicamente, e hoje faz parte da paisagem como qualquer casal hetero sempre fez. Uma nova geração que já nasceu com um mundo um pouco menos preconceituoso em que podem expor sua sexualidade livremente (ou quase), mas os casais mais antigos também aproveitam essa liberdade mais evidente, nas regiões mais centrais da cidade onde a mistura de tribos, etnias, grupos sociais, tipos é muito maior também circulam mais a vontade. O fato é que a homossexualidade não é fato recente, como alguns ainda podem pensar, sempre existiu. Há registros mais ou menos evidentes em vários momentos da historia, em vários países e civilizações de existência de relacionamentos homossexuais. O que muda é a forma como a moral de cada época lida com ela. Na Grécia antiga as relações homossexuais além da própria conotação sexual também eram expressão de poder, os jovens em determinadas circunstâncias eram subjugados pelos mais velhos como demonstração de sua superioridade e experiência. Independente de questões físicas, psicológicas ou sociológicas, a diversidade sexual está aí e deve ser respeitada como qualquer outra diversidade. A intolerância ainda existente vai continuar porque é um mal que vai além das questões da homossexualidade, o intolerante salvo exceções também o é em questões religiosas, políticas e outras tantas. A homossexualidade faz parte da vida de diversas espécies animais e incluindo a humana, então porque entre nós causa essa estranheza? Puritanismo de fachada, preconceito... ? A procriação deixou de ser a razão principal para o exercício da sexualidade há tempos. Mente aberta minha gente!



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A ELEIÇÃO DOS COXINHAS


A ELEIÇÃO DOS COXINHAS

Estamos presenciando uma campanha eleitoral para a prefeitura de São Paulo um pouco diferente do que temos visto ultimamente, uma eleição sem mulheres, pelo menos com chances reais (desculpem Soninha, Ana Luiza e Anaí Caproni), uma eleição de altas rejeições, principal destaque ao sósia do Sr. Burns. Uma eleição em que o atual prefeito que já teve a imagem de pujante, um gerenciador, é agora um rejeitado dono de um partido meia boca. Mas o fato mais pitoresco a se notar é o perfil de três dos principais candidatos, independente de ideologia, os três coxinhas*, Russomano, Haddad e Chalita. Origens e características diferentes mas todos engomadinhos. Russomano um neo-Maluf, pseudo-jornalista e fascistóide, Chalita o símbolo do bom mocismo sonho de neto de todas as senhorinhas quatrocentonas e candidato “higiênico” da igreja católica arrisco dizer até um pouco afetado, e por último o descendente de árabes Fernando Haddad, cria da classe média uspiana, embora imbuído do ideário e com discurso de esquerda, é o que se chamava nos anos 70 de comunista de boutique, mesmo tentando parecer “descolado” e até um quê revolucionário, continua meio que um peixe fora d’água, apesar disso o menos superficial dos três. Um cenário no mínimo curioso! Enfim na hora do voto deixemos essas questões de lado vejamos a capacidade e quem é a “turma” de cada um!

*Gíria paulistana sem origem bem definida, mas em “tradução” livre seria "engomado", "arrumadinho" e "criado pela avó".


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sensualidade pela idade


Sensualidade pela idade

Nas minhas observações da fauna urbana fiquei pensando o que faz uma mulher sensual. Será o olhar, o jeito, o vestir, a conversa, a ousadia, a timidez? Alguma combinação disso tudo? Ou o olhar masculino que as observa? Acredito sinceramente que há diversos tipos de sensualidade, melhor dizendo, cada idade tem sua sensualidade. Não idade cronológica e sim psicológica, ou espiritual. Algumas mulheres adultas com sensualidade quase pueril, outras maduras com a sensualidade consoante com sua idade, amadurecida com toda a objetividade e sutileza que o tempo proporcionou outras balzaquianas com a suavidade dos 20 e poucos anos, outras nos seus tenros 18 anos transpiram uma sensualidade sutil, encoberta quase formal, e não menos interessante ou atraente. O olhar masculino tipifica a mulher sensual, cada homem o faz segundo seus valores, preferências e até seus medos, aí entramos na seara da insegurança masculina, o mito da mulher inteligente, para muitos a mulher inteligente e intelectualizada é muito sensual, desafiadora; para outros tira a sensualidade, pois a associam a uma pedra bruta, rudimentar, ou simplesmente por se julgarem incapazes até de elaborar aproximação com elas.  Sensualidade é corpo e cabeça, mas em que proporção?  Se a intelectualidade faz parte da sensualidade porque algumas intelectualizadas não transmitem nada? Se a forma do corpo é o habitáculo da sensualidade porque algumas com corpo completamente fora do padrão tem um verdadeiro séquito aos seus pés? Continuamos sem respostas, e mesmo de as tivéssemos amanhã já poderiam não ser mais verdadeiras... 


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Reflexão egoísta


Reflexão egoísta

Há momentos críticos nas nossas vidas que não compreendemos! Por vezes olhamos somente para nós mesmos, literalmente para o nosso umbigo. Perdemos noção do nosso espaço e dos outros, ou por vezes percebemos que nunca nos demos conta do espaço do outro de fato.  Façamos aqui um mea culpa. Já tivemos a felicidade nas mãos, pensado que dividíamos bem as coisas, que éramos justos. Ilusão...  olhar enviesado do mundo. Realmente egocêntrico. O tempo poderia ter sido melhor, mais bem aproveitado, atenção adequada, mas uma certa cegueira toma conta da gente. No dia a dia o excesso de informação a nos invade os sentidos, a mídia a invadir a nossa mente querendo nos doutrinar, pessoas que mal conhecemos nos dando fórmulas prontas pra conduzir nossa vida, intromissões, e enfim recrudescemos! Reação de defesa em igual proporção ou até exagerada, sem medida espirra em todos a nossa volta! Na ânsia de nos protegermos criamos mecanismos, barreiras que passam a ser referências desse nosso pequeno universo pra tudo; e lá se vai a qualidade dos nossos relacionamentos, da nossa comunicação com as pessoas, simplificadamente jogamos a felicidade pela janela! Fechados em nosso mundinho, nosso espaço, esquecemos ou perdermos a referência do espaço alheio! Procuremos humildade, autocrítica, desapego e outros que tais!



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

História de amor digital...


História de amor digital...

Tempos modernos, sentimentos antigos, relíquias tecnológicas! No tempo dos meus avós, dos meus pais, se guardava a história de um amor em cartas com papel amarelado pelo tempo, um amarradinho com várias delas, cartas com a tinta começando a borrar; no meio delas algumas poesias muito inspiradas, originais ou copiadas de algum poeta. No meio de algum caderno ou livro antigo pétalas de rosas desidratadas pelas páginas, recebidas no aniversário ou algum dia dos namorados, discos de vinil com alguns riscos e a capa restaurada a Durex. Algumas fotos tão amarelas quanto comoventes, registro de felicidade. Agora no século 21, em lugar das cartas guardamos e-mails e histórico de comunicadores instantâneos, pelo menos aqueles que não deletamos intempestivamente em algum momento de irritação, no lugar dos discos de vinil anexos mp3, no lugar das fotos impressas, fotos digitais em jpg, no lugar da pétala guardada, um gif animado de um ramalhete de rosas, e ainda uma vantagem guardamos os bate-papos do dia a dia, o bom dia carinhoso, o elogio ou declaração de amor no meio do dia, o boa noite tranquilizador e aconchegante, as piadinhas e chamegos. Quase ia me esquecendo do celular, embora mais efêmeros os SMS’s tiram sorrisos nos momentos mais inesperados, um beijo teleguiado, um convite romântico, ou apimentado.  Como tudo na vida as relações mudam, as pessoas mudam, novas gerações chegam, os recursos mudam, a tecnologia estabelece novos padrões, mas o amor continua sempre... adormecido por momentos, mas vivo, latejante!




sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Dia Especial


Dia Especial

Não escolhemos nosso passado, nós o fazemos! Na mais tenra idade, já temos nossas escolhas, ou definimos em outra existência o que queremos e precisamos para amadurecer nosso espírito nessa existência, sermos pessoas melhores e mais elevadas. Sentimos falta do que pouco tivemos, de pessoas que pouco convivemos. Pessoas que foram marcas, referências na nossa vida, essa vida que teria sido muito diferente se a convivência chegasse até a fase adulta, ficar sem pai ou mãe em qualquer idade é doloroso, acredito que sempre perdemos primeiro aquele com quem temos mais afinidade, porque pela lógica espiritual e cósmica precisamos justamente conviver mais com o que temos menos afinidade, pra aprender, pra resgatar coisas mal resolvidas. O que se foi provavelmente é um anjo que veio dar a direção de nossa vida e voltou para o plano astral, esse está sempre olhando por nós, já temos nossa vida eterna resolvida com ele. E outro ponto nos cala mais fundo, geralmente o de sexo oposto nos faz mais falta, ou pelo menos pensamos assim!

Quem não gostaria, sendo menina, de ter vivido as brincadeiras com jeito moleque na infância, com aquela barba arranhando o rosto? Mesmo com jeito menino e em tom de brincadeira ouvir aquela voz grave gargalhando ou até repreendendo...  Mãos grandes desajeitadas e talvez grosseiras fazendo carinhos... afagando nos momentos de tristeza, transmitindo segurança... Saber que aqueles pés grandes andam suavemente na madrugada pra te cuidar e velar o sono.  Um peito viril com um coração mole que se emociona com um simples sorriso seu.

Um grande amigo na fase adulta? Quem sabe... Orgulhoso do que você se tornou, agora que já tem seu próprio caminho, e ao mesmo tempo renascendo filha todos os dias, relação de amor e confiança. Compartilhar uma refeição jogando conversa fora, falando da vida e num Dia dos Pais qualquer sentir a voz dele embargada olhando emocionado para o seu rosto e você poder agradecer pela vida recebida! Quem sabe um dia dar um neto... E ele o herói da sua infância, ser novamente, agora herói do seu filho!

Se o seu pai não está aqui com certeza está perto, mesmo as boas lembranças do pouco que foi e a saudade, tem grande valor, importante é guardar esse carinho e amor enormes com alegria, sabendo que ele cumpriu a missão dele!


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Pieniądze


Pieniądze

Dinheiro, money, dinero, argent, denaro, geld... não importa o nome nem o lugar... A utilidade e a simbologia em torno desse objeto são sempre muito similares. Poderoso, interfere nas nossas mentes, nos torna dependentes ou independentes, seguros ou inseguros. Interfere nas relações humanas, sejam quais forem... E por que?  Porque dinheiro é poder! Poder das pessoas e sobre as pessoas, sobre as coisas... Cruel? Não!! Realista! Literalmente quem paga manda! Com ele no bolso somos o máximo, podemos tudo... Comprar, consumir, ordenar, nos divertir; exercer de fato o IR e VIR. Sem ele, não temos força, somos frágeis, algo sempre terrível está prestes a acontecer, nosso circulo de amizades diminui, não compramos, não consumimos, e numa sociedade capitalista muitos acham que nem somos nada, o ser está condicionado ao ter... Nas nações, a autoestima de um povo, mesmo que de maneira mais abstrata, também reflete a pujança econômica do país, e em situações cotidianas entre pessoas de nações diferentes, nota-se mesmo que veladamente um grau de arrogância do mais “rico” sobre o mais “pobre”. Que objeto é esse que faz até o Sol parecer mais brilhante, as ruas mais largas, a nossa imagem no espelho mais bonita? Pensando menos ideologicamente e mais sociologicamente, como seria nossa relação com o dinheiro num mundo comunista? Realmente teríamos o seu uso mais direcionado ao bem coletivo que ao individual?

Nota: O título desse texto, que é dinheiro em polonês (lê-se peniandza), foi escolhido devido a um fato curioso, a Polônia (um dos mais simbólicos da ex Cortina de Ferro) é o único país europeu que está passando incólume pela atual crise europeia, talvez por estar conseguindo tirar o melhor do socialismo e do capitalismo.


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A dissocialização...


A dissocialização...

Hoje no Metrô fiquei a pensar com meus botões, o carro sem dúvida é um conforto, para muitos uma conquista, um símbolo de progresso social e da individualidade. O transporte público por sua vez nos propicia conhecer maior número de pessoas, perceber a diversidade e observar o comportamento humano, um verdadeiro estudo psico-socio-antropológico. É uma verdadeira miscigenação social, se é que isso existe. Se vê literalmente de tudo, todo tipo de pessoas, todos juntos; se não interagindo pelo menos se olhando, se ouvindo, reconhecendo outros universos, outros códigos. É uma forma de os diferentes se aproximarem, e por vezes interagirem, num modelo de sociedade cada vez mais pelo indivíduo e menos pelo coletivo.

Sinto falta da minha infância e adolescência, não só pelas lembranças mas também de um momento quando a escola pública tinha esse papel, socializar, integrar os diferentes... Hoje observo que cada estrato social estuda em um tipo de escola, cada um com seus iguais, se criam crianças alheias às diferenças sociais, étnicas, econômicas e culturais, o resultado: adolescentes e adultos intolerantes, cada vez mais, sentindo o diferente como uma ameaça. O transporte público de certa forma ainda faz e resgata essa socialização, não integralmente, mas o faz. 

Creio que 30 ou 40 anos atrás com menos acesso a escolas privadas (ou escolas públicas mais eficientes na sua função) e menos transporte individual, a sociedade era mais tolerante, era possível os diferentes se reconhecerem e conviverem desde criança e cotidianamente. 

A escola em que estudei, vivi e convivi era uma sociedade em miniatura, onde convivíamos meninos, meninas, brancos, negros, orientais, pobres, ricos. Em salas em que estudei tive colegas filhos de favelados e filhos de diplomatas, uma amostra da sociedade literalmente, muito mais do que só um local de transmissão de conhecimento. Precisamos, governos e sociedade, repensar essa segregação velada que poucos estão se dando conta.